sábado, 11 de abril de 2015

Zé Teixeira


Zé Teixeira era um rapaz de cerca de 20 anos, franzino, comprido e bastante falante. Ali pelos idos de 60, vindo da região de Dores do Indaiá, chegou à fazenda de meu pai procurando trabalho. Conhecido de um antigo agregado da fazenda, o Zé Paraíba, não foi lhe negada a ajuda. Meu pai ofereceu-lhe uma roça para ser explorada no sistema de mearia e, por não ter onde ficar, foi acolhido na casa do Zé Paraíba. A família do Paraíba não era pequena, eram seis meninas e apenas um homem, o Zezinho. Maria era a mais velha, com apenas 15 anos. Posteriormente, nasceu mais um casal.

        Trabalhador e ágil, em pouco tempo, o Zé Teixeira foi ganhando a simpatia do pessoal da fazenda e da redondeza. Aos domingos participava das peladas de futebol e após os jogos, quase sempre, reunia uns amigos numa roda de viola nas vendas e botecos da região. O Teixeira era bom no ofício da viola. Nunca frequentara nenhuma escola de música. Tirava as modas de ouvido. Era também sucesso entre as adolescentes da região.

          Certa manhã, o Zé Paraíba chegou à casa de meu pai e o chamou para uma conversa em particular. A sua filha mais velha, a Maria, estava grávida do Teixeira. Meu pai assumiu organizar a papelada para o casamento. Era simples assim. Engravidou filha de família, ou casamento ou morte. Três meses depois nasceu o Denílson. Caboclo sadio e de choro forte. Era a alegria da família do Zé Paraíba. Parece que ele tomou tanto gosto pelo neto, que acabou encomendando mais um filho. Era tio mais novo que o sobrinho.

             Passados uns anos, a Maria e o Denílson foram visitar uns parentes na cidade de Unaí. O Teixeira, para ocupar o tempo, ficava auxiliando meu pai numa ou noutra atividade. Certo dia ele trouxe a tropa para o curral. Escovar, aparar as crinas, os rabos e os cascos, enfim, deixar a tropa mais vistosa.

               Após o tratamento, o Teixeira serviu sal e umas espigas de milho num cocho, sentou-se na última tábua da cerca do curral, aguardando que eles se saciassem. Nisso meu pai se aproximou, enrolando um pito de fumo, sentou-se ao lado do Teixeira e começaram a conversar.

            -   E aí, Zé, a tropa está bem bonita, né?
            -  Tá, seu Juca, muito bonita. Olha só a bunda daquela eguinha, como está redonda!
            -   Zé, amanhã mesmo, bem cedo, você se apronta e vai buscar a Maria!

Patos de Minas, abril de 2015

                

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