Zé Teixeira
era um rapaz de cerca de 20 anos, franzino, comprido e bastante falante. Ali
pelos idos de 60, vindo da região de Dores do Indaiá, chegou à fazenda de meu
pai procurando trabalho. Conhecido de um antigo agregado da fazenda, o Zé Paraíba,
não foi lhe negada a ajuda. Meu pai ofereceu-lhe uma roça para ser explorada no
sistema de mearia e, por não ter onde ficar, foi acolhido na casa do Zé
Paraíba. A família do Paraíba não era pequena, eram seis meninas e apenas um
homem, o Zezinho. Maria era a mais velha, com apenas 15 anos. Posteriormente,
nasceu mais um casal.
Trabalhador
e ágil, em pouco tempo, o Zé Teixeira foi ganhando a simpatia do pessoal da
fazenda e da redondeza. Aos domingos participava das peladas de futebol e após
os jogos, quase sempre, reunia uns amigos numa roda de viola nas vendas e
botecos da região. O Teixeira era bom no ofício da viola. Nunca frequentara
nenhuma escola de música. Tirava as modas de ouvido. Era também sucesso entre
as adolescentes da região.
Certa
manhã, o Zé Paraíba chegou à casa de meu pai e o chamou para uma conversa em
particular. A sua filha mais velha, a Maria, estava grávida do Teixeira. Meu
pai assumiu organizar a papelada para o casamento. Era simples assim.
Engravidou filha de família, ou casamento ou morte. Três meses depois nasceu o
Denílson. Caboclo sadio e de choro forte. Era a alegria da família do Zé
Paraíba. Parece que ele tomou tanto gosto pelo neto, que acabou encomendando
mais um filho. Era tio mais novo que o sobrinho.
Passados
uns anos, a Maria e o Denílson foram visitar uns parentes na cidade de Unaí. O
Teixeira, para ocupar o tempo, ficava auxiliando meu pai numa ou noutra
atividade. Certo dia ele trouxe a tropa para o curral. Escovar, aparar as
crinas, os rabos e os cascos, enfim, deixar a tropa mais vistosa.
Após
o tratamento, o Teixeira serviu sal e umas espigas de milho num cocho, sentou-se
na última tábua da cerca do curral, aguardando que eles se saciassem. Nisso meu
pai se aproximou, enrolando um pito de fumo, sentou-se ao lado do Teixeira e
começaram a conversar.
- E
aí, Zé, a tropa está bem bonita, né?
- Tá, seu Juca, muito bonita. Olha
só a bunda daquela eguinha, como está redonda!
- Zé, amanhã mesmo, bem cedo, você
se apronta e vai buscar a Maria!
Patos de Minas, abril
de 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário