sábado, 29 de agosto de 2009

Educar os Filhos ou os Pais? Ou ambos?

Dizem os historiadores que as primeiras formas de escrita datam de 5.000 a 4.000 antes de nossa era, com os sumérios e egípcios. Imagino eu que o ensinamento vem evoluindo desde a pré-história, iniciando-se na família, através de um processo de pai para filho. Depois, com a socialização e dada à necessidade grupal, deve ter havido uma expansão. Assim deve ter sido ensinado como caçar, guerrear, este ou aquele ofício. Com o passar dos séculos o ensinamento foi, aos poucos, sendo sistematizado. Os Romanos, por exemplo, ao invadirem a Pártia, encontraram escolas para meninos e meninas. Embora considerados bárbaros, os Partos já detinham um nível de educação talvez superior aos Romanos. Em suma, entendo eu que a educação começou bem antes da escrita. Pode até ser que tenha sido a necessidade de contabilizar os produtos comercializados e os impostos arrecadados o principal motivo da criação da escrita. Talvez com o passar dos anos é que descobriram que ela poderia ter uma utilidade mais nobre e mais humana.

Independente do modelo cultural e com a evolução da raça humana, o ensino foi sendo aprimorado. Chegamos a um modelo atual, no qual há as mais diversas alternativas por quaisquer tipos de necessidade de conhecimento. Hoje, se quiser, passa-se uma vida nos bancos da escola. Há escolas para todos gostos. Enfim, para toda e qualquer profissão há uma escola por trás. Com o passar dos tempos foi estabelecido o conceito acadêmico de Educação: "Educação engloba os processos de ensinar e aprender. É um fenômeno observado em qualquer sociedade e nos grupos constitutivos destas, responsável pela sua manutenção e perpetuação a partir da transposição, às gerações que se seguem, dos modos culturais de ser, estar e agir necessários à convivência e ao ajustamento de um membro no seu grupo ou sociedade. Enquanto processo de sociabilização, a educação é exercida nos diversos espaços de convívio social, seja para a adequação do indivíduo à sociedade, do indivíduo ao grupo ou dos grupos à sociedade."

Ao se definir hoje a Educação, tendemos a estabelecer os conceitos básicos da Educação Escolar ou da Tecnológica como o padrão adotado mundialmente. Em suma, a Educação trata-se da prática educativa formal. É o pilar, é a coluna mestra do saber e da convivência humana. Com ela, salvamos o mundo. Sem ela, nada construimos, ao contrário, podemos destruir. Diante disto, a sociedade e o Estado se empenham ingloriamente em educar. Em colocar todo mundo nos bancos das escolas. Programas educacionais são criados, professores são formados e reciclados. Escolas são erigidas. Cursos e cursos vão sendo criados. Impostos são carimbados. Campanhas de conscientização, financiamentos, etc... Muito dinheiro para pouco resultado. A miséria humana não pára. O analfabetismo ainda grassa. O nível dos discentes e docentes parece que cada dia pior. Avalio, enfim, que temos muita informação e pouca formação.

De nada adianta continuarmos fazendo o que sempre fizemos (plágio de Lair Ribeiro). Erramos e continuamos a errar. A sociedade e o Estado, continuam, a meu ver e erradamente, investindo no pilar, na coluna mestra. A fundação foi esquecida: a família. Ninguém lembrou de criar uma escola para como formar uma família. Não há escola para ensinar como ser mãe ou como ser pai. A vida é esta escola. Os ensinamentos são de pai pra filho. Pessoa a pessoa. Ou seja, ainda mantemos o mesmo modelo da pré-história nesse quesito. Evolução zero. Casamos quando achamos melhor. Botamos filho no mundo e os criamos como bem entendemos. Nem fazer sexo nos ensinaram. Aprendemos por observação ou por tentativa. Isto é, achamos que aprendemos. Empirismo absoluto. A definição acadêmica de charlatão é: Aquele que, com base em conhecimento empírico, sem formação adequada, assume tarefas ou funções para as quais não está legalmente capacitado. É isto que somos. A célula social é formada por charlatões. Somos mães e pais sem nenhum formação para tal. Os valores e princípios morais e éticos são desenvolvidos de acordo com aquilo que recebemos. “Nossos sentimentos, nossas condutas, nossas ações e nossos comportamentos são modelados pelas condições em que vivemos (família, classe e grupo social, escola, religião, trabalho, circunstâncias políticas, etc.). Somos formados pelos costumes de nossa sociedade, que nos educa para respeitarmos e reproduzirmos os valores propostos por ela como bons e, portanto, como obrigações e deveres. Dessa maneira, valores e maneiras parecem existir por si e em si mesmos, parecem ser naturais e intemporais, fatos ou dados com os quais nos relacionamos desde o nosso nascimento: somos recompensados quando os seguimos e punidos quando os transgredimos.(achado na internet – internauta desconhecido, mas não deveria)" Então por que não criar escolas para formação de pais? Será que saber formar um homem é menos importante que saber formar academicamente um filho?

Botamos filho no mundo, sem nenhum treinamento e nenhuma habilitação. Nem do Manual de Instruções é acompanhado. Na época julgada aprazada jogamos o bichinho numa escola. “Vá lá, meu filho. Vá virar gente.” Aí, então, parece ter cessada a responsabilidade da família. Que a escola, doravante, assuma a educação total do rebento. Que a pedra bruta seja lapidada e transformada em brilhante. Se são criados sem valores ou com valores insuficientes, que a escola finalize a valoração. Se são criados sem definição de limites, que a escola os limite. Se são criados sem princípios éticos, que a escola estabeleça os parâmetros. A escola se transformou numa extensão da família. Praticamente a substituindo. Filho agora é fonte de renda. Engravida-se para aumentar a Bolsa Família. Não há nenhuma consciência de controle da natalidade. Chegando aos 15 anos, vende-se, prostitui-se ou vai procurar um serviço. Dentro de pouco tempo torna-se mãe ou pai, realimentando o este sistema caótico.

É isto aí! Meu grande amigo Confúcio, Prefeito de Ariquemes, propõe uma receita radical: um big bang educacional. Isto! Concordo em gênero, número e caso (ainda prevalece meu gosto latinista). É urgente desconstruir todo sistema educacional, mas reiniciando a construção pela família. Colocar os pretendentes a pais e os já pais no banco de escolas. Se assim não fizermos, a ignorância, a irresponsabilidade, a corrupção, a violência e a miséria humana não cessarão de crescer. A sociedade e o Estado são impotentes para dar solução. São limitados e limitadores. Mas, por outro lado, são catalisadores das transformações. Têm que ser criativos e inovadores, mais ainda, têm que ser ousados. Nada impede que façamos um Pacto Social, uma verdadeira revolução educacional, passando por uma desconstrução. Temos que descobrir uma forma de balançar a consciência das pessoas para esta realidade. Temos que parar a fábrica de gerações perdidas. A fábrica não é sociedade e nem é o Estado. É a família. É aí que devemos atuar. É aí o Nó Górdio.

Ariquemes/RO, 13/07/09