sábado, 11 de abril de 2015

Sexo Animal


A prática de sexo com animais no meio rural não era comum em minha época de infância, mas também não era raro. Sempre se ouvia algumas histórias envolvendo galinhas, bezerras e cabritas. Se o caso viesse ao conhecimento dos pais a caroba torcia. As costas ficavam marcadas, por um bom período, pelas lambadas de varas de marmelo ou de corda sedenho. A correção era exemplar.

          Pitoresco, por exemplo, foi o caso do Jésus. Menino da cidade e que gostava de visitar seu avô, que sempre residira em sua propriedade rural. Era avesso a tudo que era urbano. Numa ocasião, dois filhos do empregado da fazenda conseguiram convencer o Jésus que transar com uma cabrita era a melhor coisa do mundo. Jésus, coitado, com 6 ou 7 anos apenas, não conhecia ainda nada sobre sexo. Mas sabia o que era. Depois do convencimento, os meninos pegaram uma cabritinha, prenderam-na bem rente a uma cerca e mostraram suas partes íntimas ao Jésus e explicaram como deveria ser executada a tarefa. Ele achou aquilo meio estranho, mas concordou. Os meninos se afastaram, para não atrapalhar a intimidade do casal e pra não gerar constrangimento. Enquanto, isso, o Jésus arriava as calças curtas. Escondidos atrás de uma moita de bananeiras, os amigos ficaram esperando o desfecho. O tempo foi passando, a cabrita berrando e nada do tal desfecho. Depois de um longo tempo, já impacientes, os amigos exigiram que o Jésus acabasse a operação de forma mais rápida.

            - Jésus, vai acabar com isso não?
          - Não tem jeito não, o rabo dela parece um limpador de para-brisa...não fica quieto!

        Outra situação jocosa ocorrera com o Augusto, que também tinha uns 7 anos. Dias antes, o Augusto, numa brincadeira no terreiro, caiu e ralou o rosto nuns pedregulhos. Sua maçã do rosto ficou em carne viva. Fizeram uma assepsia, foi medicado, mas não houve necessidade de colocar nenhum curativo. Criou-se uma casca escura sobre a ferida, que com o tempo caíra, ficando a face tatuada por uma mancha rósea temporária. Posteriormente, o Rufino e o Edinho, irmão e primo, respectivamente, surpreenderam o Augusto copulando com uma galinha carijó. Na verdade, o coito nem fora concluído de fato, pois, com o susto das visitas inesperadas, a carijó foi lançada longe. Passados alguns dias a mãe de Augusto colocou a mesma carijó para chocar. Fez um ninho perto do forno à lenha, colocando sob a carijó uma dúzia de ovos. Passadas umas duas semanas, o Rufino chamou Augusto num canto:

           - Augusto, quando aquela galinha tirar os pintinhos, todo mundo vai ficar sabendo que você é o pai. Todos eles vão nascer com sua mancha na cara!

           Aquilo para o Augusto foi a morte. Ter uma dúzia de filhos pintos com a mesma mancha dele era inadmissível. E a sua moral na região? Mais que depressa, correu em direção ao ninho, arrancou a carijó no tapa e quebrou ovo por ovo, para garantir que sua descendência não teria penas.




Patos de Minas, 07/04/15

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