A prática de
sexo com animais no meio rural não era comum em minha época de infância, mas
também não era raro. Sempre se ouvia algumas histórias envolvendo galinhas, bezerras
e cabritas. Se o caso viesse ao conhecimento dos pais a caroba torcia. As
costas ficavam marcadas, por um bom período, pelas lambadas de varas de marmelo
ou de corda sedenho. A correção era exemplar.
Pitoresco, por exemplo, foi o caso do Jésus. Menino da cidade e que gostava de visitar seu
avô, que sempre residira em sua propriedade rural. Era avesso a tudo que era
urbano. Numa ocasião, dois filhos do empregado da fazenda conseguiram convencer
o Jésus que transar com uma cabrita era a melhor coisa do mundo. Jésus,
coitado, com 6 ou 7 anos apenas, não conhecia ainda nada sobre sexo. Mas sabia
o que era. Depois do convencimento, os meninos pegaram uma cabritinha,
prenderam-na bem rente a uma cerca e mostraram suas partes íntimas ao Jésus e
explicaram como deveria ser executada a tarefa. Ele achou aquilo meio estranho,
mas concordou. Os meninos se afastaram, para não atrapalhar a intimidade do
casal e pra não gerar constrangimento. Enquanto, isso, o Jésus arriava as
calças curtas. Escondidos atrás de uma moita de bananeiras, os amigos ficaram
esperando o desfecho. O tempo foi passando, a cabrita berrando e nada do tal desfecho.
Depois de um longo tempo, já impacientes, os amigos exigiram que o Jésus
acabasse a operação de forma mais rápida.
- Jésus, vai acabar com isso não?
- Não tem jeito
não, o rabo dela parece um limpador de para-brisa...não fica quieto!
Outra
situação jocosa ocorrera com o Augusto, que também tinha uns 7 anos. Dias antes, o Augusto, numa brincadeira no terreiro, caiu e ralou o rosto nuns pedregulhos.
Sua maçã do rosto ficou em carne viva. Fizeram uma assepsia, foi medicado, mas
não houve necessidade de colocar nenhum curativo. Criou-se uma casca escura
sobre a ferida, que com o tempo caíra, ficando a face tatuada por uma mancha
rósea temporária. Posteriormente, o Rufino e o Edinho, irmão e primo,
respectivamente, surpreenderam o Augusto copulando com uma galinha carijó. Na
verdade, o coito nem fora concluído de fato, pois, com o susto das visitas
inesperadas, a carijó foi lançada longe. Passados alguns dias a mãe de Augusto
colocou a mesma carijó para chocar. Fez um ninho perto do forno à lenha,
colocando sob a carijó uma dúzia de ovos. Passadas umas duas semanas, o Rufino
chamou Augusto num canto:
- Augusto, quando aquela galinha tirar os
pintinhos, todo mundo vai ficar sabendo que você é o pai. Todos eles vão nascer
com sua mancha na cara!
Aquilo
para o Augusto foi a morte. Ter uma dúzia de filhos pintos com a mesma mancha
dele era inadmissível. E a sua moral na região? Mais que depressa, correu em
direção ao ninho, arrancou a carijó no tapa e quebrou ovo por ovo, para
garantir que sua descendência não teria penas.
Patos de Minas, 07/04/15
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