As
propriedades rurais de meu pai e do Eliaquim eram divididas por um córrego, o
Mata-burro. Entre eles havia uma rixa antiga, porque o Eliaquim nem sempre
cuidava das cercas. Como o córrego nas épocas de seca era muito raso, isto
permitia que o gado circulasse de um lado para outro. E isto sempre é um
transtorno no meio rural, pois encontrar alguém transitando em sua propriedade,
via de regra, pode ser mal interpretado. Ao final de anos, esta rixa ganhou
tamanha proporção que, sequer, se falavam. Quase uma inimizade.
Numa
tarde chuvosa, quando meu pai tocava um gado e já chegando perto do curral, avistou uma pessoa esperando por ele no
alpendre da casa. Era um vizinho do Eliaquim. Ele fora implorar por uma ajuda
em favor do Eliaquim, que sofrera um acidente, pois meu pai era o único que tinha um veículo naquela
região.
Segundo
ele, no manejo do gado, um touro de chifres longos e afiados, um curraleiro,
avançara sobre o Eliaquim, que mesmo estando montado num cavalo de porte alto,
fora atingido pelo chifre entre as pernas, deixando seus testículos à mostra.
Esquecendo-se
da rixa, meu pai, mais que depressa, pegou seu Jeep e foi em socorro do
Eliaquim. Pouco tempo depois já estavam no consultório do Dr. Ophir em Lagoa
Formosa.
Enquanto
retiravam o paciente do Jeep, o Dr. Ophir, aproximou-se do meu pai.
- O que aconteceu, Juca?
- Ophir, trouxe
o Aliaquim aqui para você terminar o serviço que um boi começou.
Patos de Minas, abril
de 2015
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